ESTREIA DIA 20 DE ABRIL "...absolutamente a não perder" julio stockwell in advanced performance

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r. do norte. maria caxuxa



























paulo reis. décimo sexto trabalho no cão. design gráfico.

r. do crucifixo





andré teodósio & manuela correia. insubstituíveis. consultores.

r. do crucifixo. fotografia de cena

























steve stoer. terceiro trabalho no cão. fotógrafo.

r. do crucifixo, som



joão lucas. terceiro trabalho no cão. sonoplastia.













joana gusmão. primeiro trabalho no cão. operação de som.

r. do crucifixo V, luz











josé manuel rodrigues. décimo sexto trabalho no cão. responsável técnico.
















natália ferreira. décimo oitavo trabalho no cão. costureira.
maria josé batista. sexto trabalho no cão. costureira.















palmira abranches. décimo oitavo trabalho no cão. costureira.


teresa louro. décimo oitavo trabalho no cão. mestra.

r. do crucifixo III. cenografia, tratamento do espaço


nuno tomaz. décimo primeiro trabalho no cão. montagem.















































nuno carinhas. décimo oitavo trabalho no cão. cenógrafo.

r. do crucifixo. ensaios


mariana sá nogueira. décimo oitavo trabalho no cão. figurinista.

patricia raposo. primeiro trabalho no cão. estagiária para preparação de mestrado em figurinos e cenografia.







r. do crucifixo II





dinis machado. primeiro trabalho no cão. actor

r. das taipas X

26

Há uma mesa e sobre a mesa um telefone com o auscultador fora do descanso. Tenho a impressão que se o colocar no descanso este se porá a tocar (talvez esteja a tocar mesmo fora do descanso). Coloco o auscultador no descanso; não acontece nada.

42 A confecção do jantar

Z. dá uma festa para um amigo. Do outro lado de uma fina divisória, nós – quer dizer eu dirigindo uma multidão de cozinheiros – preparamos o jantar. Estamos muito contentes, cantamos. Preparo uma espécie de creme, maionaise ou flan incorporando-lhe bastantes produtos saídos de caixas : é tão fácil! Está tão apetitoso!

Mas – talvez mais tarde, no fim – um pequeno animal vem comer do prato.

Estou muito contente. Sou o louco, o bobo favorito.

George Perec, in La Boutique Obscure, 124 Rêves







ana ribeiro. segundo trabalho no cão. actriz.

miguel loureiro. sexto trabalho no cão. encenador.
paula sá nogueira. décimo oitavo trabalho no cão. actriz.
tiago neves. décimo terceiro trabalho no cão. produtor.

r. das taipas V

ruby. segundo trabalho no cão. dog culture consultant.

(…) Todo o sono é a imobilidade de um movimento. Pois não existe estado nenhum, situação nenhuma na vida humana, de completa imobilidade. A vida no seu estado elementar, no seu limite com a não vida, é tensão, esboço de movimento, predisposição para um movimento ou movimento reprimido, aprisionado. E os sonhos nascem desta impossibilidade, desta absoluta quietude no necessário repouso. Vida primitiva, por isso, primária, vida rebelde e em rebelião que é reiterada pelo ímpeto primeiro de atravessar o que se lhe opõe. Por isso o sonho tem carácter, por mais quieto e aprazível que seja o seu conteúdo, pelo que a vida tem na sua origem primeira de luta obscura, de quase delito, de perturbação da ordem estabelecida.

Entre o contínuo que serve de fundo ao ser que dorme, à vida que se detém para prosseguir, e a atemporalidade, nascem os sonhos, esta pseudovida ou vida primeira, manchada na sua origem por ter de abrir caminho, por não ser dada num meio inteiramente apto para a receber. Uma vida que procura o seu lugar, que desce. Pois é a vida de alguém que a deixa cair, que cai ele próprio.

Aquele que entra no sonho desprende-se de si mesmo, desprende-se da sua vida e fica a flutuar (…)

Maria Zambrano, in Os Sonhos e o Tempo

Sono : inconsciência geral.

Sonho : consciência parcial fragmentária, e intermitente dos membros, dos orgãos internos ou da pele.

Sonho : Um grande pedaço de homem que dorme e um pequeno pedaço que está acordado.

A perna é inteligente. Todas as coisas o são. Mas não reflecte como um homem. Reflecte como uma perna.

A perna não é estúpida, não caminhará sobre óleo ou bolas de sabão, não tentará fazer renda.

Lógica da perna.

Mas a perna despir-se-á no meio dos senadores, ou numa conferência de suffragettes, ou em propriedade privada. O público, a paisagem não interessam à perna; não lhe dizem respeito.

A lógica de um pedaço de homem é o absurdo para o homem total.

Carácter do sonho : o sonho é absurdo.

A perna é sensível.

Não tem emoções de homem. Tem emoções de perna.

A amizade, a contemplação? Não lhe dizem respeito.

As imprecações da Bíblia? Uma tela de Degas? Digo que a perna passará ao largo.

Mas eis um pijama, areia fina. Ah! Ou espinhos que magoam!

Emoção da perna.

A emoção de um pedaço de homem é indiferença e frieza para o homem total.

Carácter do sonho : Insensibilidade! Desafectividade.

(...)

H. Michaux


r. das olarias IV

pamina. décimo segundo trabalho no cão. observadora.



Não existiria sonhar se a vida não fosse inicialmente sono. Se não viéssemos do sono e se viver não fosse ir acordando, se a acção humana não fosse dada por sucessivos acordares. E se o sonhar, primário, inicial sonhar, não fosse já um acordar, um não poder sofrer o simples sono, o sono mortal.

maría zambrano