ESTREIA DIA 20 DE ABRIL "...absolutamente a não perder" julio stockwell in advanced performance

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r. das taipas VIII









25 As duas peças

Devo actuar em duas peças de teatro.

No momento de entrar em cena apercebo-me de que não ensaiei, nem uma única vez o meu papel. A cena passa-se num grande hall-café-dormitório-cantina. Os actores estão à mesa. Ocupo o lugar de uma cadeira deixada livre mesmo na frente de cena.

O meu papel é o de uma espécie de vagabundo. Sobre a mesa há um pedaço de papel com algumas frases, mas o actor ao meu lado (que é também o encenador) inclina-se na minha direcção e sussurra-me que não é o meu texto.

Sou tomado por uma grande inquietação. Pouco tempo depois, conseguem passar-me uma ficha (mais do género de um papel de mercearia) com algumas indicações de texto. Devo confiar em alguns sinais dos meus colegas para saber quando é a minha vez de falar.


A peça começa.


Estou perdido. Tenho a impressão de falar a torto e a direito. Felizmente o autor escreveu um texto muito descosido. È mais um género de brua-brua.

Ao fim de algum tempo de considerável aborrecimento (arruino o trabalho dos outros), a

polícia chega ao fundo da sala.

Isto faz parte da peça.


Grande confusão.


Passa-se à segunda peça.



É um acto com três personagens. Desempenho o papel de um urso (ou será o diabo?) e à minha frente está Fausto e Margarida, ou talvez D.João e Faustina. Alguma inquietude com o meu texto enquanto me trazem a pele que devo vestir. São sobretudo grunhidos.

Sou informado que o papel foi de facto escrito para Roger Blin que deve actuar a partir do dia seguinte e eu estou hilariante com a ideia de criar uma personagem que Blin vai retomar.

A primeira peça seria um ensaio? Em todo o caso a segunda não chega a ser apresentada.


George Perec, in La Boutique Obscure, 124 Rêves

r. das taipas II


PAISALQUENUNCALLEGAS. Pequeño país de localización desconocida y rodeado de un bosque immenso. Una extraña pradera conduce a un claro donde hay algunos robles, castanõs y palmeras. A los lejos se distinguem el mar azul y unhuerto de manzanos que crece en una franja de tierra negra. Un arroyuelo atraviesa el país y desemboca en el mar. Al norte, en una pequeña bahía colmada de nenúfares y lotos, rodeado de cocoteros y naranjos, se yergue un castillo enorme. Al otro lado hay una aldea, desde donde se puede ver en toda su extensión el Paisaquenuncallegas. Lo cierto es que es imposible visitarlo, pêro a veces uno puede contemplarlo a través del recuerdo de algún objeto querido : un libro de la infância, unas flores secas dentro de un diário íntimo o una rama de manzano entrevista trás las cortinas del dormitório de outra persona.

(André Dhôtel, Les Pays où l’on n’arrive jamais, Paris, 1955) – in Breve guia de lugares imaginários de Alberto Manguel e Gianni Guadalupi